viver, porque a vida imita a arte mais do que a arte imita a vida

Acho que eu devo começar esse post pedindo desculpas. Desculpas num geral, porque eu ando meio complicada. Na verdade, ando muito menos complicada do que um mês atrás, o que é bom. Na semana do meu post anterior, havia passado por algumas coisas que me deixaram um bocado assustada e com um desejo um pouco doloroso porém incontrolável de acabar com tudo. Achei que minha vida era menos importante, que minha existência valia menos do que um zero à esquerda e que tudo o que eu vivi significava o puro e simples nada. Mas, passado um mês, as coisas mudaram bastante, e eu consigo enxergar as coisas com uma perspectiva bastante otimista. Obrigada, do fundo do meu coração, pelos comentários. Eu confesso que estou um pouco envergonhada para respondê-los agora, mas do fundo do meu coração, muito obrigada.

Não sei exatamente como explicar, mas sinto os ares um pouco renovados. Acabei de iniciar em um trabalho novo que me deixa com uma sensação boa de dever cumprido, apesar de estar sofrendo com a enorme saudade da minha mãe, que está internada por conta de um episódio de mania. É uma dicotomia engraçada, mas no sentido triste da palavra, se preciso enfatizar. Estou feliz por estar trabalhando, mas triste por não poder fazer uma mísera visita a quem eu mais amo. Então, pra distrair a cabeça, ando fazendo o que gosto, assistindo coisas, lendo, fingindo de alguma forma que eu tenho conhecimento, profundidade ou coisas interessantes para jogar ao mundo, apesar de saber também que muito possivelmente isso não é muito verdade, mas eu gosto de me iludir com essa ideia, isso me causa uma sensação boa de que estou fazendo alguma coisa importante e que não estou desperdiçando tempo.

Tive uns devaneios meio engraçados nos últimos tempos. Às vezes penso em como seria legal viver em uma época diferente da minha, em um século diferente, sei lá. Mas aí eu me dou conta de que seria um completo desastre, porque sou só uma mulher lésbica que não escreve coisas muito densas ou coerentes e que, como disse anteriormente, performa uma profundidade um tanto falsa, mas que pode ser um tanto interessante de olhar. Entretanto, se eu fosse viver em outro século, seria realmente um desastre. Eu provavelmente seria presa, morta ou qualquer coisa parecida, se minha existência fosse notada. Eu me apaixonaria por uma mulher e escreveria cartas de amor à ela, mas isso seria visto como um crime e eu seria condenada. Bom, que bom que hoje em dia é um pouco mais difícil e não aconteceu comigo. Meu pai aceitou bem a ideia de eu ter uma namorada, embora minha mãe odeie muito esse fato. Mas eu continuo sendo eu, eu continuo amando essa ideia que completa com muito louvor quem eu sou e adoro essa sensação boa de ser quem eu sou. Acho que eu finalmente descobri o que é amar alguma coisa em si mesmo. No caso, eu amo tanto o fato de eu amar alguém, e eu amo o fato do meu amor ser algo tão complexo, imenso e até incompreendido.

Enfim, eu estou lendo Oscar Wilde agora. Ele só lançou mesmo um livro, O Retrato de Dorian Gray, e essa obra me deixa de queixo caído, com o coração acelerado e com as bochechas ruborizadas e ardentes, como se eu estivesse saboreando um fruto proibido. O fruto são as palavras, tão poéticas e tão bem estruturadas que me deixam em um estado de euforia imensa. Eu realmente amo o Oscar. Assisti o seu filme biográfico e senti uma imensa vontade de chorar. E eu não consigo esquecer de sua tão famosa frase, que nem era sua, mas sim de seu namorado, mas que foi citada em seu julgamento, quando estava sendo processado e condenado por sodomia, e eu a cito agora:

Charles Gill (promotor): O que é "o amor que não ousa dizer seu nome"?

Wilde: "O amor que não ousa dizer seu nome", neste século, é uma grande afeição de um homem mais velho por um outro mais novo, como havia entre Davi e Jônatas, tal como Platão fez a verdadeira base de sua filosofia, tal como alguém encontra nos sonetos de Michelangelo e de Shakespeare. É aquela profunda afeição espiritual que é tão pura quanto é perfeita. Ela conduz e preenche as grandes obras de arte como as de Shakespeare e Michelangelo e essas duas minhas cartas. É neste século incompreendido, tão incompreendido que pode ser descrito como "o amor que não ousa dizer seu nome", e, por causa dele, fui colocado onde estou agora. É bonita, é fina, é a mais nobre forma de afeição. Não há nada inatural nisso. É intelectual e existe repetidamente entre um homem mais velho e um mais novo, quando o mais velho tem intelecto, e o mais novo possui toda a alegria, esperança e glamour de vida diante de si. É assim que deve ser, mas o mundo não entende. O mundo o ridiculariza e às vezes coloca alguém no pelourinho por causa dele.

O amor que não ousa dizer seu nome.

O amor que preciso esconder, mas que cada vez mais quero gritar pro mundo inteiro ouvir. Porque ele arde em chamas e deixa meu peito febril, porque ele me dá sede e vontade de mais, porque ele me deixa com a sensação de que preciso continuar viva apenas para saboreá-lo. O amor que não ousa dizer seu nome. O meu amor. O amor que me preenche e me faz me sentir inteira e completa, completamente entregue.

Acho que, pela primeira vez em muito tempo, posso dizer que estou feliz em estar viva. Ou melhor, que finalmente temo um pouco a morte. Se ela me pegasse agora, ficaria muitíssimo chateada, porque eu ainda não terminei nem metade da minha lista de leitura, nem assisti nem metade dos filmes que gostaria de ver. 

É um sentimento muito bom temer a morte. Por que ninguém nunca me disse isso antes?

3 comentários:

  1. Oh, querida, que jornada incrível você compartilhou conosco! Primeiramente, não há necessidade de pedir desculpas todos nós passamos por esses perrengues.
    É tão maravilhoso ver como você está encontrando sua paz interior e uma perspectiva mais otimista nas últimas semanas. Trabalhar em um novo emprego é uma conquista incrível, e mesmo com a saudade de sua mãe, você continua a avançar com determinação. Sua paixão por livros e filmes, e o jeito que você descreve suas experiências, é absolutamente encantador!
    eu tbm fico pensando nessa de viver em outra época, fico fazendo fanfics na minha cabeça, porém se fosse realidade kkkkk lá eu preta na era vitoriana kkkk ai nem comentarei.

    Continue compartilhando sua jornada conosco, pois é uma verdadeira alegria ler suas palavras e testemunhar sua evolução. Você é incrível e valiosa.



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    1. ahh, meu bem, muito obrigada mesmo por tantos elogios e palavras bonitas, isso aqueceu enormemente meu coração e me deixou tão feliz que nem tenho palavras 🥹🩷 obrigada de coração, admiro você faz um tempão e me deixa muito feliz saber que gostou do que escrevi por aqui. novamente obrigada e te envio um grande abraço e um beijo.

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  2. Olá amora ~

    Tudo bem? Acredito que agora esteja e espero do fundo do coração que você continue bem.
    Sobre o que comentou no início, eu tive que ler a postagem anterior para tentar entender o pedido de desculpas, e acredito que quem não se sentiu perdido e querendo sumir ou acabar com a própria vida em algum momento sombrio está mentindo. E ver que mudou de ideia e que está melhor é algo muito bom de ler e reconfortante. Realmente é difícil nos colocarmos no lugar do outro ainda mais quando não conhecemos a pessoa de fato ou não temos alguma ligação, mas exercitar a empatia por quem quer que seja, é algo que todos deviam fazer.
    Fico feliz que o emprego novo tenha te dado uma nova perspectiva para a sua vida, é tão bom quando começamos algo novo e esse novo nos ajuda e dá vontade de continuar, sério, é algo muito bom e fico bem feliz por você.
    Agora sobre a história de Dorian Gray, eu conheço o filme 2009, via a série Penny Dreadful que por sinal é ótima que mostra o Dorian, mas por incrível que pareça, não me julgue, eu não conhecia o autor rsr, confesso que a história dele é algo realmente fascinante e uma das melhores histórias da literatura.
    Enfim, espero que continue bem e que possa superar tudo e conte conosco se precisar de algo ;)
    Beijos =3

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